Impacto dos Parques Solares e Necessidades Associadas

A energia solar tornou-se o principal pilar da transição energética, com metas ambiciosas para a próxima década.

Apesar do crescimento expressivo da capacidade instalada na Europa e em Portugal nos últimos anos.
Os desafios estruturais como a modernização da infraestrutura elétrica, a integração eficiente na rede e os entraves burocráticos ainda impõem barreiras ao pleno desenvolvimento do setor.
O sucesso na expansão dos parques solares de grande escala depende da capacidade de superar estes desafios.
Para isso, é essencial adotar soluções tecnológicas inovadoras e uma abordagem estratégica na sua implementação.
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Além da otimização dos módulos fotovoltaicos a engenharia envolvida na construção destes empreendimentos exige um rigoroso planeamento em termos de suporte estrutural, eletrificação e logística.
A correta especificação de componentes como estacas de fixação, módulos fotovoltaicos, inversores, transformadores, subestações modulares e pré-fabricadas, quadros elétricos e sistemas de armazenamento de energia desempenham um papel fundamental na eficiência e viabilidade desses projetos.
Paralelamente, a crescente adoção de redes inteligentes e novas estratégias de gestão da distribuição de energia será essencial para acomodar a intermitência na geração de energia solar e maximizar a sua rentabilidade.
Diante deste cenário, este artigo explora as necessidades técnicas associadas aos parques solares de grande escala, abordando as principais soluções disponíveis para otimizar a sua implementação e operação.
Aprofundamos a importância de cada componente essencial e analisamos como a escolha adequada de equipamentos pode impactar diretamente a performance e longevidade dos projetos solares.
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MÁQUINAS BATE-ESTACAS
A cravação das estacas é uma etapa primordial na construção de um parque solar, garantindo a estabilidade estrutural dos módulos fotovoltaicos.
Para assegurar uma instalação precisa e eficiente, é essencial recorrer a bate-estacas de alta robustez mecânica e tecnológica avançada, capazes de se adaptar às particularidades do terreno e às condições climáticas do local.
Uma parte fundamental destas máquinas é o seu martelo. Os martelos das máquina bate-estacas para a cravação estacas solares funcionam utilizando um peso constante sobre a estaca rodeado por uma estrutura de orientação que mantém a ferramenta em curso. Uma vez em posição, o peso suspenso faz com que o martelo desça profundamente auxiliado por um sistema hidráulico que exerce uma pressão na terra para cravar a estaca no seu lugar de instalação.
As máquinas bate-estacas devem ter a capacidade de operar em diferentes tipos de solo e topografias complexas, ajustando a força e a profundidade de cravação conforme as necessidades do projeto. A incorporação de sistemas avançados de controlo e automação não apenas otimiza o desempenho, como também reduz desvios na instalação, garantindo maior precisão e uniformidade na fixação das estacas.Além da eficiência operacional, a mitigação do impacto ambiental é um fator crítico na escolha do equipamento. Modelos mais modernos são projetados para minimizar vibrações e operar com baixos níveis de ruído, tornando-se ideais para instalações próximas a áreas sensíveis.
A monitorização em tempo real e a automação inteligente permitem ajustes instantâneos, reduzindo o tempo de execução e os custos operacionais, além de aumentar a segurança.
O sucesso da fundação dos parques solares depende diretamente da qualidade e da tecnologia dos equipamentos aplicados no mesmo, assegurando uma estrutura sólida e duradoura para suportar os desafios operacionais ao longo do ciclo de vida do empreendimento.
As máquinas bate-estacas conseguem instalar um sistema solar montado no solo em apenas alguns minutos para sistemas de 10 kW. Profissionais estimam que o uso de uma máquina bate-estacas pode poupar até 30% dos custos das instalações montadas no solo.
MÓDULOS FOTOVOLTAICOS
Os módulos ou painéis fotovoltaicos/solares são o elemento central da geração de energia solar, convertendo a radiação solar em eletricidade através de materiais semicondutores.
O semicondutor mais utilizado na tecnologia das células solares é o silício, mas estas também podem ser feitas a partir de materiais orgânicos ou uma combinação de elementos inorgânicos, como arsenieto de gálio ou telureto de cádmio. À medida que a pesquisa e a tecnologia das células solares evoluíram, surgiram novas descobertas de materiais semicondutores para células solares e novas formas de fabrico.
Este avanço tecnológico permitiu o fabrico de painéis com características técnicas distintas, adaptadas às especificidades de cada projeto.
Esta evolução é normalmente considerada em 3 “gerações” distintas de células solares:
1.ª Geração
Monocristalinos (Mono-Si): com eficiência superior, estes painéis utilizam células de silício de estrutura homogênea, permitindo uma maior densidade de potência e melhor performance em condições de baixa irradiância. Apresentam coeficientes térmicos mais baixos, reduzindo perdas em ambientes de alta temperatura.
Policristalinos (Poly-Si): embora menos eficientes que os monocristalinos, possuem um custo de produção inferior. Devido à estrutura dos cristais, apresentam menor eficiência sob temperaturas elevadas e maior degradação ao longo do tempo.
2.ª Geração
Bifaciais: com capacidade de absorção de radiação em ambas as faces, proporcionam um incremento na geração de energia, especialmente em superfícies refletivas ou com elevado albedo. Quando integrados com estruturas de seguidores solares, podem oferecer ganhos de eficiência na ordem dos 20-30% em comparação com módulos convencionais.
HJT (Heterojunction Technology) e TOPCon (Tunnel Oxide Passivated Contact): tecnologias emergentes que combinam silício cristalino com camadas finas de silício amorfo, proporcionando eficiências superiores a 22% e menores taxas de degradação.
3.ª Geração
Células Solares Orgânicas, Células Solares de Perovskite, Células Solares Sensibilizadas por Corante, Células Solares de Ponto Quântico e Células Solares em Tandem.
À medida que as tecnologias das células solares continuam a evoluir criarão paradigmas sobre como produzimos e utilizamos a energia de forma fundamental eletricidade. Desde um mercado atualmente dominado pelo silício até inovações emergentes de terceira geração, o futuro das células solares parece promissor. Melhorias em fatores chave, como eficiência, estabilidade e sustentabilidade, são essenciais para realizar todo o seu potencial. Se estes avanços continuarem no bom caminho, a energia solar poderá não apenas satisfazer as nossas crescentes necessidades energéticas, mas também conduzir-nos a um futuro mais limpo e sustentável.
INVERSORES DE STRING
Os inversores de string são componentes essenciais nos parques solares, convertendo a corrente contínua (CC) gerada pelos módulos fotovoltaicos em corrente alternada (CA) com a finalidade de ser injetada na rede.
A escolha do inversor adequado influencia diretamente a eficiência energética e a fiabilidade do sistema, impactando a produção global do parque.
Inversores de alta qualidade oferecem uma gestão otimizada do MPPT (Maximum Power Point Tracking), permitindo maximizar a geração de energia mesmo em condições variáveis de irradiância. Além disso, a disponibilidade de modelos com diferentes potências garante flexibilidade no dimensionamento de qualquer projeto, adaptando-se a diversas escalas de geração.
A integração com sistemas de monotorização remotos possibilita diagnósticos em tempo real, facilitando a identificação de falhas e a otimização do desempenho. Inversores equipados com tecnologias de comunicação avançadas permitem uma gestão proativa, reduzindo o tempo de inatividade e aumentando a eficiência operacional do parque solar.
TRANSFORMADORES PARA PARQUES SOLARES
Um transformador solar, também conhecido como transformador fotovoltaico (PV) ou transformador elevador PV, é um componente crítico na infraestrutura dos sistemas de energia solar.
A sua função principal é facilitar a produção e distribuição eficientes da eletricidade gerada pelos painéis solares.
Os transformadores desempenham um papel fundamental na integração da geração fotovoltaica com a rede elétrica, convertendo a energia produzida pelos módulos solares para níveis de tensão adequados à distribuição. A principal função de um transformador solar é elevar a saída de tensão dos inversores solares. Os painéis solares geram eletricidade em corrente contínua (CC), que é então convertida em eletricidade em corrente alternada (CA) pelos inversores.
Nos parques solares, os transformadores de média tensão são responsáveis por elevar a tensão da corrente alterna gerada pelos inversores, reduzindo perdas e otimizando o transporte da eletricidade.
A saída de CA dos inversores normalmente precisa ser transformada para corresponder ao nível de tensão da rede elétrica e assim poder ser transmitida e distribuída deforma eficiente. Esta transformação garante que a eletricidade gerada pelos painéis solares possa integrar-se perfeitamente na infraestrutura existente da rede, permitindo que seja utilizada por consumidores e empresas conectadas à rede.
A seleção do transformador deve considerar parâmetros essenciais, como eficiência energética, perdas em vazio e sob carga, capacidade térmica e compatibilidade com a rede de transmissão. Além disso, a variação intermitente da geração fotovoltaica exige transformadores projetados para suportar oscilações de carga sem comprometer a estabilidade da rede.
Transformadores desenvolvidos especificamente para aplicações fotovoltaicas possuem sistemas de arrefecimento otimizados, isolamento de alta resistência e design compacto para facilitar a instalação em áreas de acesso limitado. A especificação correta desses equipamentos não garante apenas eficiência operacional, mas também contribui para a redução de custos de manutenção e prolongamento da vida útil da infraestrutura elétrica.
Além disso, os transformadores solares asseguram a estabilidade e a fiabilidade do fornecimento de eletricidade das centrais solares. Eles ajudam a manter a qualidade da saída de energia CA, garantindo que cumpra os padrões e requisitos estabelecidos pelas autoridades reguladoras e pelas empresas de utilidade pública. Isso inclui fatores como níveis de tensão, frequência e sincronização com a rede.
ARMAZENAMENTO DE ENERGIA
O armazenamento de energia em bateria emergiu como uma tecnologia chave para apoiar a transição para um futuro mais sustentável. À medida que fontes de energia solar se tornam mais comuns, o armazenamento de energia torna-se cada vez mais importante para estabilizar a rede elétrica.
A rede deve ser equilibrada em tempo real para garantir que a frequência e a tensão se mantenham dentro de limites seguros.
Os sistemas de armazenamento de energia apoiam a estabilidade da rede, fornecendo um tempo de resposta rápido no mercado de controle de frequência. A frequência é a medida da velocidade com que a corrente alternada (CA) muda de direção, e deve ser mantida dentro de uma faixa estreita de 50 ou 60 Hertz para garantir a estabilidade da rede. Se a frequência se desviar desta faixa, pode causar apagões e danos aos equipamentos. Quando há excesso de energia na rede, a bateria pode ser carregada. Quando há uma escassez de energia, a bateria fornece energia à rede e ajudando a manter a frequência dentro de limites seguros.
A integração de sistemas de armazenamento nos parques solares permite maximizar o aproveitamento da energia gerada, reduzindo desperdícios e melhorando a estabilidade da rede.
As baterias de íon de lítio, atualmente a tecnologia dominante, oferecem elevada eficiência, resposta rápida e longa vida útil, enquanto outras soluções, como baterias de fluxo e supercapacitores, estão a ganhar espaço em aplicações específicas.
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SUBESTAÇÕES MODULARES E PRÉ-FABRICADAS
A crescente procura por soluções ágeis e eficientes impulsionou a adoção de subestações modulares e pré-fabricadas em projetos fotovoltaicos de grande escala.
Estas unidades compactas são projetadas para otimizar a instalação, operação e manutenção das infraestruturas elétricas. Isso reduz significativamente o tempo de comissionamento e os custos associados.
As subestações modulares podem integrar transformadores, quadros de média e baixa tensão, sistemas de proteção e telecomando. Isso possibilita um controle centralizado da energia gerada.
Além disso, o seu design modular e transportável permite fácil adaptação a diferentes configurações de rede. Também permite rápida expansão conforme a necessidade do projeto.
Outra vantagem destas subestações é a sua elevada resistência a condições ambientais adversas. São projetadas para suportar temperaturas extremas, elevada umidade e poeiras. Isso garante segurança e fiabilidade operacional a longo prazo.
A utilização dessas infraestruturas também contribui para a padronização dos processos de engenharia e manutenção. Facilita a reposição de componentes e reduz o tempo de inatividade em caso de intervenções.
A escolha estratégica entre transformadores convencionais ou integrados a subestações modulares deve ser baseada na dimensão do parque solar.
Também deve considerar os requisitos de interligação à rede e as metas de eficiência operacional. Isso garante máxima performance na conversão e distribuição da energia gerada.
CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
O crescimento acelerado da energia solar na Península Ibérica não é apenas um reflexo da transição energética global. É também uma oportunidade concreta de investimento e inovação.
Portugal e Espanha consolidaram-se como mercados estratégicos para a expansão fotovoltaica na União Europeia.
São impulsionados por metas ambiciosas de descarbonização e pelo compromisso com a sustentabilidade. Com previsões de alcançar 20,8 GW (Portugal) e 76,3 GW (Espanha) de capacidade instalada até 2030. Os parques solares de grande escala tornaram-se essenciais para garantir a segurança e a estabilidade do abastecimento energético.
O Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030 (PNEC 2030) atualizado prevê crescimento significativo da capacidade de energia solar. A meta é atingir 20,8 GW até 2030, cerca de 4 vezes superior ao nível de 2024 (5,7 GW).
Contudo, a velocidade da expansão do setor depende diretamente da implementação de infraestruturas eficientes e bem projetadas. O crescimento exponencial da capacidade instalada requer soluções técnicas que garantam conectividade segura, eficiência operacional e viabilidade económica a longo prazo.
Sem as infraestruturas adequadas, como sistemas de suporte, subestações elétricas e redes de distribuição otimizadas, o potencial da energia solar pode ser limitado. Essas limitações incluem perdas energéticas, restrições na interligação com a rede e desafios regulatórios.
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Assim, o momento atual exige decisões estratégicas baseadas na inovação e na qualidade dos equipamentos utilizados. À medida que os investimentos em energia solar aumentam, os players que apostarem nas melhores soluções tecnológicas terão uma vantagem competitiva. Desta forma garantem maior rentabilidade, segurança e eficiência na operação de seus projetos.
O futuro da energia renovável está em curso, e aqueles que souberem aproveitar este crescimento com uma abordagem estruturada estarão na linha da frente da revolução solar na Europa.
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